Dentro de um automóvel em andamento é sabido que o nosso cérebro filtra a informação que recebe através da visão, de modo a reter o que realmente interessa. Pois bem, o meu cérebro outro dia fez-me isso, gravando na minha mente as seguintes palavras: Walter Dias.
Olhei uma segunda vez e constatei que Walter Dias era o nome de um circo em digressão pelo país. Olhei uma terceira vez e verifiquei que o tipo de letra utilizado para escrever "Walter Dias" era igual ao tipo de letra do nome "Walt Disney". É maravilhosa a forma como o português tenta falsificar tudo o que vê. O amigo Walter pensou (e bem) que com o nome "Valter Dias" não ia longe na vida circense, e vai daí resolveu tentar aproveitar-se da miudagem que tem problemas na vista.
Não contente com estas reflexões, continuei a debruçar-me sobre o fenómeno "Walter Dias", e pensei para comigo que o nome do bom homem não devia ser mesmo Walter, mas sim Valter. Além disso, e como em qualquer boa história portuguesa, devia haver algum pormenor tragicómico na vida de tão interessante indivíduo.
Posto isto, introduzi no Google as duas mágicas palavrinhas: "Valter Dias" (sim, escrevi com "v").
A segunda referência na busca do Google alertava-me para o seguinte: "Tigre arranca braço a uma jovem". Estava, por fim, comprovada a minha teoria sobre o nome do senhor e sobre como tinha que haver algo de profundamente parvo em tudo isto.
Gostaria de salientar ainda a perspicácia do senhor Valter aquando do acidente: "Ouvi gritar e pensei que se tratava de algum curto-circuito". Digno de um verdadeiro Sherlock Holmes.
