Monday, April 16, 2007

Independência incompreendida

Sendo eu um entusiástico apreciador de bacalhau à Brás, todo este imbróglio sobre a Universidade Independente não deixou de me intrigar. Muito se disse e muito se escreveu sobre este assunto. Para melhor fundamentar a minha opinião, resolvi consultar o site (não escrevo sítio, não gosto) da Independente. Eis aquilo com que me deparei:

O Ensino Superior assiste, nos dias de hoje, a uma mutação quase vertiginosa. De facto têm razão, agora podem-se comprar cursos cada vez mais rápido. O progresso é bonito.

A Universidade Independente assume-se como empenhada em dar a verdadeira dimensão da palavra universidade, ao Ensino que aqui praticamos. Curiosamente, ensino também é sinónimo de castigo. E que belo castigo foi ali praticado contra os desgraçados que lá estudam, e agora não sabem o que fazer da vida.

Na UnI, não somos meros espectadores dos acontecimentos externos, antes, tentamos antecipá-los e criar os instrumentos necessários para antever o Futuro. Aí está a razão de ser do novo curso de Astrologia e Cartomancia, ministrado pela Maya e pelo professor Guirassi (mestre de magia negra e branca).

Para ajudar a conhecer a UnI, deixamos aqui as nossas principais características.

São seis as palavras que nos qualificam e definem:

A UnI:

ÚnIca: porque promove a unidade nesta diversidade imensa. Incentiva cada Aluno a promover o seu espírito crítico, para que, por si só, possa ser um dos pilares da mudança necessária. Os alunos adquirem um espírito de tal forma crítico e perspicaz que se formam em tempo recorde.

Irreverente: na forma de ser e de estar. Aqui, não se busca a perfeição. Já tinhamos percebecido... Buscamos a permanente vontade de aprender e experimentar, interagindo com o mundo como ser sensível que é. "Olhem lá, este Sócrates tem pinta, ainda vai ser primeiro-ministro. E se lhe puséssemos o canudo nas mãos sem ele ter que frequentar as aulas? Daqui a uns anitos ainda ia dar uma grande bronca!", "Excelente ideia! Isso é uma forma magnífica de interagir com o mundo! Há só um pequeno problema, hoje é Domingo.", "E então?".

Inovadora: A UnI quer ser o local que desperta a vontade de estar e aprender, sem aquele sentido de obrigatoriedade. A aprendizagem tem um cariz estimulador, que alimenta e desperta a emoção. Exacto, os alunos podem formar-se sem irem às aulas. A única obrigação é pagar as mensalidades.

Independente: no contexto actual, privilegiamos uma Universidade difusora de princípios e de procura constante de argumentos que permitam ao Aluno imaginar para além daquilo que nos é dado a conhecer. Aposto que não imaginaram que a universidade ia ser encerrada.

As Ideias: porque a Universidade tem responsabilidade directa na promoção competitiva do País, a UnI impulsiona e instiga as novas ideias, sempre na senda do sucesso e da melhoria. O quê? Não me digam que há mais indivíduos formados na UnI, espalhados por esse país fora?

E a Investigação: porque entendemos que a ciência não pode, nem oferece respostas a todas as necessidades subjectivas do indivíduo. Assim, incentivamos todos e cada um a encontrar as soluções adequadas e necessárias, tornando a ciência um saber produtivo. É isso mesmo, a ciência não serve para nada! Porque é que um aluno que responde "3X7=22" está errado? Só porque a ciência diz que sim? Na UnI, respostas como essa são consideradas correctas.



Em jeito de conclusão, parece-me que estes senhores da UnI são, de facto, uns visionários. Portugal não os merece.

Wednesday, April 11, 2007

Mesquinhices

Confesso que ando muito espantado com o alarido que se está a fazer à volta da licenciatura do nosso primeiro-ministro (ao menos parece certo que isso ele é). Portugal é o país onde uma lojista é uma "Técnica de vendas", um licenciado em Direito é logo chamado de "Doutor" e um contínuo é um "auxiliar de educação". Se assim é, por que raio se andam a incomodar com a existência ou não da licenciatura do homem? Desde que o senhor não se lembre de projectar uma ponte ou um arranha-céus, pouco nos deve importar...

Tuesday, April 10, 2007

Engenheiro (ou) benfiquista?

Confesso que toda esta celeuma em volta da licenciatura de José Sócrates não me preocupa por aí além.

O que eu gostaria mesmo de saber, é se ele, sendo benfiquista como consta, já comprou o kit sócio para fazer prova de tal facto.

É que se existe um engenheiro que se diz benfiquista mas não o demonstra, também me parece justo haver um benfiquista que se diz engenheiro mas não o demonstra.

Uma questão de conteúdo

O Jornal de Notícias revela que "a PSP do Barreiro deteve, anteontem à noite, cinco suspeitos de tráfico de droga na sequência de uma operação baptizada como "Ovo de Páscoa"." É bom ver que a PSP tem sentido de humor, ainda bem que não é o Nilton a dar os nomes a estas operações.

Mais à frente, ficamos a saber que a droga era
escondida em "latas de Coca-Cola, sabonetes, pastas de dentes e dentro de cascas de noz e de amendoim", e que "os estupefacientes eram também transportados no interior do corpo dos suspeitos, o que obrigou à sua condução ao Hospital do Montijo, para remoção medicamente assistida da droga de dentro dos corpos".

Imediatamente a seguir a esta frase, o jornalista escreve que
"No decorrer desta intervenção, foram também apreendidos cerca de 600 euros em dinheiro, telemóveis, duas balanças electrónicas de precisão e uma viatura de grande cilindrada".

Ora bem, percebendo um mínimo de português, pode concluir-se que o pronome "desta" se refere à última intervenção descrita na peça. Que, ao contrário do que o jornalista poderá pensar, não é a intervenção da PSP do Barreiro, mas sim a intervenção cirúrgica que é descrita na frase anterior.

Puxando um pouco pela imaginação, consigo facilmente visualizar 600 euros e alguns telemóveis escondidos nos corpos dos traficantes. Mas duas balanças e uma viatura? Hmm, acho que não.

Tuesday, April 03, 2007

E a culpa é do...

Depois de mais uma sadia manifestação de apoio ao seu clube, a claque Super-Dragões vê o seu nome ser manchado na praça pública. O F.C. Porto, e bem, veio em sua defesa através de um comunicado oficial.

Em primeiro, lê-se que "o F.C. Porto repudia todo o tipo de violência". Quem tiver dúvidas sobre isto, pode procurar informar-se sobre casos como os de José Saraiva, Carlos Pinhão, Santos Neves, João Freitas, Marinho Neves, António Paulino, Manuela Freitas, Martins Morin, João Martins, Eugénio Queiróz, Paulo Martins, Pedro Figueiredo, Donato Ramos, Filomena Morais, Carolina Salgado, Ricardo Bexiga.

Depois, o F.C. Porto lembra que "em três deslocações ao Estádio da Luz, os adeptos do FC Porto ficaram posicionados em três zonas distintas". O que, como é óbvio, é bastante desagradável para os mesmos, já que das outras vezes ficaram perto do relvado e puderam praticar tiro ao alvo sobre os jogadores do Benfica que se aproximavam daquela zona aquando das marcações de pontapés de canto. Desta vez tiveram que se contentar em arremessar petardos e cadeiras contra os adeptos do Benfica que estavam por baixo deles. E isto revela má fé da parte do Benfica, já que está a privar um grupo de pessoas de um divertimento com um elevado nível de dificuldade, o de tentar acertar em jogadores do clube rival com moedas, isqueiros, petardos e telemóveis (alguns de nova geração, com uma boa qualidade de fotografia); por outro bem menos interessante, pois como todos sabemos, não é difícil atingir pessoas que estão abaixo de nós. Basta atirar qualquer coisa ao ar que a gravidade faz o resto. Reconheço que há algum grau de dificuldade em tentar atingir crianças, pois são pequenitas, mas mesmo assim não é a mesma coisa, caramba! Atingir um jogador tem outro sabor.

O F.C. Porto estranha também "a opção de colocar os seus adeptos no último piso da bancada", pois é nesse preciso local que têm vindo a ser colocados adeptos do Sporting, Liverpool, Manchester, Barcelona, Celtic, PSG, entre outros. Os Super-Dragões exigem tratamento diferente, pois todas essas claques tiveram comportamentos próprios de seres humanos, algo que o F.C. Porto e a sua claque repudiam veementemente.

O comunicado alerta ainda para o facto de "o acesso dos simpatizantes do FC Porto" não ter decorrido "com segurança e fluidez". Muitos deles tiveram inclusive que saltar por cima dos torniquetes de segurança, correndo o risco de fracturar uma perna.

O F.C. Porto recorda que alguns adeptos "apenas chegaram à respectiva cadeira perto do intervalo", pois ficaram muito tempo retidos a serem revistados, algo a que não estão habituados. Para culminar, as referidas cadeiras eram vermelhas, algo que só pode ser entendido como um acto de vil provocação. Os Super-Dragões, dando uma prova inequívoca de inteligência e perspicácia, procederam então à remoção das mesmas, utilizando-as como armas de arremeso. Uniram o útil ao agradável. Bravo, rapazes!

A Comissão Disciplinar da Liga veio hoje dar razão à posição do F.C. Porto e da sua claque, punindo o Sport Lisboa e Benfica com uma multa de 2.000 euros. Há apenas a lamentar a multa que o F.C. Porto também terá que pagar, esta de 1.500 euros, algo que não se compreende.

Até quando se irá compactuar com estas injustiças?