Thursday, January 24, 2008

Portugal precisa de si

O português, espécie conhecida, entre outras coisas, pela sua desonestidade gritante, está a amolecer a olhos vistos. Longe vão os tempos em que víamos uma nota cair do bolso de alguém e ficávamos com ela; ou quando alguém remexia na carteira no meio da rua e caíam dezenas de moedas, e nós pisávamos uma ou duas (tentando pisar sempre as de maior valor, claro); ou quando víamos uns óculos de sol abandonados numa mesa de um restaurante, e num ápice já estavam no nosso bolso. Esses dias felizes estão a acabar.

Então não é que que agora quando alguém encontra uma mochila ou um embrulho no metro, alerta imediatamente as autoridades! Mas o que é isto?! E abarbatar o embrulho e enfiá-lo debaixo do casaco, como nos velhos tempos? E pôr a mochila a tiracolo, como se fosse nossa há anos e anos? "Ah, mas pareceu-me suspeito..." Suspeito? Suspeito é não deitar a mão ao que não é nosso, isso sim é muito suspeito!

Que há por aí muita malandragem que não tenha estofo para preservar a tradição portuguesa, eu ainda admito; mas que esses indivíduos de baixa índole queiram conspurcar o modo de vida que mantemos há séculos, já não me parece bem. Não quer ficar com o que não lhe pertence? Sim senhor, está no seu direito. Mas prejudicar os puros de espírito, que não têm qualquer pejo em deitar a unha ao alheio, está errado.

Portanto, quando da próxima vez vir algum objecto estranho abandonado, não chame a polícia. Lembre-se que há pessoas que podem querer esse mesmo objecto. Ajude a preservar a nossa identidade, se não qualquer dia ninguém passa rasteiras aos cegos.