Saturday, December 30, 2006

Foi hoje executado o ditador iraquiano Saddam Hussein, a marcar um processo duvidoso e, em certos momentos, deplorável.
Primeiramente, sob o falso argumento da existência de armas químicas em território iraquiano, e uma vez mais actuando à margem do Direito Internacional, os militares norte-americanos, a mando do tal senhor que foi eleito Presidente dos EUA com menos votos do que o seu adversário, invadiram o Iraque, tomando de assalto cidade a cidade até chegar à capital Bagdade, deixando um rasto vergonhoso de destruição, sangue e desordem.
Com o seu discurso obstinado, Bush convenceu países europeus da importância daquela missão, conseguindo como aliados países como Inglaterra, França, Espanha e, imagine-se, Portugal.
Sempre sentindo-se heróis, os militares devastaram um país, que sob a mão dura e ditadora de Saddam Hussein, foi construido, à custa do suor dos iraquianos. Amordaçado ou não, torturado ou não, aquele povo edificou as suas casas, para, num "abrir e fechar de olhos", tudo ruir. Para além disso, as tropas invasoras equivocaram-se inúmeras vezes, fazendo milhares e milhares de vítimas entre a inocente população iraquiana.
Numa pura operação de "marketing" e de publicidade, os militares permitiram que as televisões mundiais captassem tudo, desde casas e tanques a irem pelos ares, até militares iraquianos já moribundos. Tudo lhes permitiram.
Ainda na linha da publicidade, os norte-americanos encenaram o resgate de uma militar norte-americana, alegadamente raptada por tropas iraquianas. Mais tarde, veio a descobrir-se que tudo não passou de uma farsa e que, na verdade, essa militar estava a ser tratada num hospital iraquiano. Péssimo, não?
Mais tarde, conseguiram concretizar o maior desejo do senhor Bush, ou seja, capturar Saddam Hussein, no fundo, aquele que durante vários anos foi o protegido dos norte-americanos. Mas o que mais chocou foram as imagens das televisões que mostraram uma pessoa a analisar o ex-ditador. De lanterna em punho, essa pessoa, não sabemos se médico, militar ou actor, remexeu na barba e examinou a boca de Saddam... Desconfio que procurava as famigeradas armas de destruição maciça.
Três anos volvidos desde a invasão, o caos está patente no Iraque, os atentados bombistas repetem-se, a crise socio-económica agrava-se a olhos vistos e o número de militares norte-americanos falecidos já ascende aos 3.ooo.
E hoje, então, Saddam foi executado, por determinação da Justiça iraquiana, sem no entanto ninguém poder dar garantias da regularidade de tal processo. Depois dos factos acima descritos, diria que a captura de Saddam Hussein foi, no mínimo, irregular. Numa verdadeira Ordem Internacional, tal não seria permitido, mas a verdade é que aquela aparenta ter pouca força para contrariar as loucuras de um homem inculto, que tem sob a sua alçada uma poderosa máquina militar.
Bush que se cuide, pois as suas semelhanças com um ditador sanguinário crescem a olhos vistos.